segunda-feira, 23 de maio de 2011

A Transformação de Processos, no contexto do BPM, como meio para superar a falta de competitividade das empresas

É já um lugar comum a constatação da falta de competitividade da economia portuguesa. Os estudos do World Economic Forum colocam a nossa economia no ano de 2010 em 46.º lugar em termos de competitividade entre 139 países e no 23.º lugar entre os países da CE.
Frequentemente se procuram justificações e propostas que visam alterar esta situação e inverter uma tendência que nos coloca na cauda da Europa. Deve atender-se que a analise da WEF é complexo e compreende um conjunto vasto de variáveis, mas a falta de competitividade da economia portuguesa normalmente é resumida à falta de competitividade das empresas e daqui salta-se para a falta de produtividade das empresas e, logicamente, dos seus colaboradores. Aliás, um aspecto que se tem vindo a evidenciar desde os finais da década de 90 do século passado, é a forte desaceleração do crescimento da produtividade 
Numa análise simplista este aspecto é normalmente atribuído ao baixo nível de produtividade dos trabalhadores portugueses que assim não contribuem para o crescimento da produtividade das empresas nacionais. Acaba por se cair na tentação de culpar os trabalhadores porque são tendencialmente indolentes e o seu emprenho produtivo é de muito baixo valor.
Também a chanceler Angela Merkl parece estar de acordo com esta visão dado que recentemente manifestou num discurso eleitoralista que os povos dos países periféricos do sul da Europa são preguiçosos. Pena que não olhe para os exemplos das empresas alemãs a operar em Portugal e certamente nas que operam nos restantes países da Europa sul.
Estudos mais sérios sobre esta problemática apontam caminhos para o incremento da produtividade em situações de crise económica. A primeira proposta que sempre aparece está ligada à questão dos custos e à sua redução. Tomemos com exemplo a opinião manifesta por Abel M. Mateus “É nos períodos de crise que as empresas têm que necessariamente reduzir custos e reestruturar as suas actividades para aumentar a produtividade”.
Segundo Rogério Ceron de Oliveira, pela análise que efectuou aos dados estatísticos de diversas economias, concluiu que “existe uma incompatibilidade da teoria dos custos e preços como causas e/ou indicadores primordiais da competitividade de uma empresa ou país, não há correlação forte … entre custos, preços e produtividade, principalmente no longo prazo”.
Uma visão centrada no custo, mas segundo uma formulação diversa, foi feita por Luis Campos e Cunha recentemente no Público em que propunha como alternativa à redução de salários “ aumentar o horário de trabalho, sem remuneração extra … para as empresas, se os trabalhadores laborarem, digamos, mais 30 minutos por dia, tem os mesmo efeitos na competitividade que a redução do salário, porque as máquinas estão lá, os custos fixos também e mais meia hora de laboração pode aumentar a produtividade por trabalhador e logo a competitividade”.
Então se aumentar meia hora de trabalho diário aumenta a competitividade porque não pensar que o trabalho seja meia hora mais rentável ou seja meia hora mais eficiente e eficaz mantendo o mesmo horário de trabalho? Assim passamos para a segunda parte desta abordagem que é a reestruturação das actividades
Assumindo que os grandes investimentos financiados, pelos Quadros Comunitários de Apoio permitiram a renovação de equipamentos, o crescimento da nossa produtividade passa pela qualificação da mão de obra e pela inovação na gestão. É necessário assegurar uma inovação constante, assente na transformação de processos que suportam a inovação em produtos e o desenvolvimento tecnológico e de gestão.
A transformação de processos é uma matéria tratada pelo BPM – Business Process Management. Não se trata de um processo de optimização de processo. O BPM deve ser encarado como um processo de transformação do processo. A transformação vai além da optimização já que inclui a inovação.
Será que os gestores e empresários estão conscientes destas realidades? Recapitulando:
1º.    A redução de custos não aumenta a produtividade, principalmente no longo prazo
2º.    A produtividade cresce fruto do aumento da qualificação dos trabalhadores (académica e profissional) e principalmente da inovação
3º.    A inovação é condicionada e obrigatoriamente requer a transformação dos processos da organização
4º.    A inovação torna a concorrência irrelevante e cria um espaço de mercado inexplorado
5º.    A transformação de processos integra um modelo de gestão que se baseia na “gestão orientada a processos” (seguindo a aplicação do BPM – Business Process Management) 
Deixo aqui o desafio aos especialistas em BPM que têm desenvolvido a sua actividade em Portugal no sentido de relatarem aqui casos concretos de empresas que implementaram como modelo a gestão orientada a processos e não utilizaram o BPM exclusivamente como meio de optimização de processos
O mesmo desafio fica para quem, a nível global, tenha experiência nesta matéria e possa relatar experiências de utilização do BPM como uma nova forma de organizar, estruturar e fazer negócios.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Breve abordagem à Perspectiva da Gestão Empresarial

Qualquer actividade empresarial tem a inequívoca necessidade de acompanhar a evolução da sua actividade, medir o grau de cumprimento dos objectivos fixados, sejam eles globais, sectoriais ou individuais e utilizar a mensuração da actividade para introduzir correcções às expectativas iniciais e definir novos caminhos e metas a atingir no futuro.
É incompreensível a ausência quer da definição de objectivos e de uma estratégia de negócio, quer de uma contínua avaliação e acompanhamento dos resultados obtidos. Este é um dos aspectos da gestão empresarial que mais contribui para o insucesso das Organizações. Infelizmente é um mal que se encontra na generalidade das PMEs portuguesas e que urge ultrapassar através da adequada preparação dos nossos empresários e empreendedores.
Urge a necessidade de introduzir novas metodologias na actividade corrente das empresas e simultaneamente fazer a sua associação a uma técnica recente de gestão empresarial, já fortemente utilizada nos países de expressão anglo-saxónica nomeadamente os EUA, que se traduz por Gestão de Processos de Negócio (BPM – Business Process Management no original)
A sua utilização em Portugal é ainda muito restrita, começando a dar os primeiros passos por via do desenvolvimento dos sectores de gestão de qualidade ou de metodologias como a Qualidade Total ou Six Sigma.

Os conceitos associados ao BPM (Business Process Management)
O BPM (Business Process Management) está intrinsecamente ligado ao conceito de processo. O conceito de BPM surgiu no início do século XXI nos Estados Unidos e resultou como uma evolução de modelos que igualmente estavam suportados em processos, como a Gestão pela Qualidade Total, Reengenharia de Processos e Six Sigma.
O BPM implica um contínuo compromisso com a organização e o permanente envolvimento na gestão dos processos organizacionais. Compreende a modelação, análise, desenho adequado e em profundidade dos processos, bem como a medição da performance e continuada adequação dos processos. Este nível de intervenção requer ao longo do tempo um retorno sistemático de informação de forma a assegurar que os processos de negócio estão alinhados com a estratégia e atingem os resultados que são previamente estabelecidos.
Para descrever “Business Process Management” (BPM) seguimos a definição utilizada pela Association of Business Process Management Professionals (ABPMP):
é uma abordagem metodológica que identifica, desenha, executa, documenta, mede, monitoriza e controla processos de negócio, quer sejam automatizados ou não automatizados, para atingir de forma consistente os objectivos definidos em conformidade com as metas estratégicas estabelecidas na Organização.”
O BPM veio a definir-se como uma técnica de gestão empresarial suportada numa categoria de sistemas focada na melhor rentabilização dos recursos disponibilizados e na sua mensuração através da aplicação de técnicas que permitem o acompanhamento detalhado dos níveis de produção atingidos em cada sector, até à célula básica de actividade e do grau de cumprimento dos objectivos fixados. O aparecimento do BPM resultou igualmente por efeito da implementação generalizada de sistemas integrados de gestão (ERP - Enterprise Resource Planning).
Estes ERPs têm uma cobertura generalizada sobre todos os sectores de actividade, tendo como objectivo facilitar e agilizar a circulação da informação entre as diferentes áreas de forma fluida que optimize a utilização dos recursos existentes. A sua implementação deverá estar sujeita ao domínio dos processos existentes que, por não serem devidamente optimizados dão origem a uma infinidade de regras, cuja alteração é demorada, requerendo pessoal especializado, de TI.
O desenho dos processos feitos através do BPM irá suportar a construção dos sistemas de TI adequados à realidade da estrutura organizativa da empresa, não sendo as tecnologias informáticas encaradas como um fim em si, mas um meio, um recurso facilitador da actividade. Apesar da tendência generalizada para encarar as TI como algo capaz de “curar” todos em males que a empresa pode sofrer, a realidade é muito distinta, sendo indispensável reconhecer onde as TI são necessárias e onde não criam qualquer valor para a Organização.  

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Chapter ABPMP Portugal!

O BPM tem merecido o reconhecimento nas maiores economias mundiais como sendo, no presente, o modelo de gestão empresarial que melhor contribui para o sucesso das organizações e assegurar o incremento a sua rendibilidade. Conforme referia a APQC (American Produtivity Quality Council) num estudo de avaliação de 2005: "BPM é a forma como organizações com as melhores práticas conduzem os seus negócios". Pensamos que é tempo de em Portugal se desenvolver este conceito e através do mesmo contribuir para o desenvolvimento das empresas nacionais e para a melhoria global da economia portuguesa.

A ABPMP (Associação dos Profissionais de BPM) - www.abpmp.org - é uma organização internacional sem fins lucrativos, independente e dedicada à promoção dos conceitos e práticas de BPM.
É considerada uma das maiores associações na matéria do BPM, tendo mais de 50 "chapters" a operar em todo o mundo.

Tem como principais objectivos:
  • Promover o valor do BPM no apoio às organizações empresariais na comunidade portuguesa a actuar com maior eficiência, incrementar o valor da prestação dos seus colaboradores e preparar para uma efectiva adequação ao ambiente de negócios do século XXI
  • Orientar e conduzir a procura de trabalho para especialistas com competências de BPM
  • Providenciar oportunidades a potenciais interessados em adquirir competências em BPM através de programas Certificados e Graduados.
  • Actuar como um canal válido (Networking) para procura de trabalho.
  • Facilitar a partilha de técnicas, métodos, experiências, sucessos e fracassos no BPM
  • Providenciar a preparação de profissionais, quer através de formação profissional, quer pela via académica (universitária).



Nesta fase de lançamento todos os contributos são bem-vindos e estamos abertos à colaboração de todos os profissionais e interessados mas, também, estamos desde já abertos à inscrição dos que pretendam ser membros da ABPMP e usufruir dos benefícios acima referidos.